Os achados arqueológicos da gruta do Medronhal mostram que o lugar de Arrifana terá sido habitada já na pré-história, mas é da sua história recente que temos ecos, destacando-se o aproveitamento das suas águas para fins medicinais, de que são exemplo as Termas da Arrifana, ativas durante o século XX, e a importância da nascente com elemento agregador das gentes.
Era à nascente da Arrifana que as povoações vizinhas iam buscar a água que não tinham nos seus lugares. Os moradores mais velhos lembram-se dos ranchos de mulheres do Casmilo, do Furadouro e até da Ega, que vinham lavar a roupa e buscar água para beberem e darem aos animais, transportando-a em vasilhas que levavam em carros de bois ou em burros com cangalhas.
Em 1944, quando José Pita cortava na rocha uma pedra para fazer a mó de um moinho, no monte do Medronhal, deu com uma grande gruta. Dentro dela, entre 1944 e 1945, foram encontrados 36 artefactos de bronze (argolas, braceletes e fíbula de dupla mola) conjuntamente com ossos humanos e de animais. Após estudo, conclui-se que eram objetos de adorno, pertencentes ao espólio funerário, raros para a época (séc. VIII-VII a.C.). Estes objetos pertencem à coleção do Museu Antropológico da Universidade de Coimbra.
Na Arrifana não há relatos de muita pobreza, mesmo nos anos piores do século XX. Como noutras terras da Ega, havia fornos de cal onde se podia obter um rendimento sazonal, e quase toda a gente tinha um pedaço de terra, criava animais e vendia nas feiras.
Quem não tinha a sua parcela de terreno, arrendava terra e pagava a renda em trabalho ou em milho.
Sendo bastante fértil, quase tudo o que se semeia nas terras da Arrifana pode ser colhido em abundância, destacando-se como produtos principais a azeitona e a uva, o milho, o feijão, as batatas, o trigo, a hortaliça e a fruta.
Tal como nos restantes lugares, na Arrifana sente-se algum abrandamento cultural, agravado pelo envelhecimento populacional. No entanto, as recentes obras de recuperação da nascente, a sua proximidade a bons acessos e o crescente interesse no seu património natural servirão como elementos de renovação e beneficiação dos seus recursos e tradições.