Verónica e os anjos, Ega
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Verónica e os anjos, Ega |
A festa do Enterro do Senhor na sexta-feira antes da Páscoa é essencialmente de caráter religioso. Na noite anterior decorre uma procissão de velas que acompanha a figura da Senhora das Dores no percurso entre a Igreja Matriz e a Capela da Senhora do Rosário, rezando o povo pela morte do Senhor e pela dor de Sua mãe.
No dia seguinte, a procissão do enterro do Senhor percorre a rua principal da Ega até ao termo do Casal da Fonte, onde se encontra uma capelinha privada de S. António. Daqui se volta para a Igreja, onde o pároco, no seu sermão, relembra a população presente dos sacrifícios de Jesus na Cruz e do sofrimento de sua Mãe. No percurso segue Verónica, a santa que deu o seu véu a Cristo para que limpasse o rosto durante o seu calvário, ladeada por dois anjos. Nas mãos de Verónica, o Santo Sudário com o rosto de Cristo abre-se em cada "capelinha" que surge com a imagem de Jesus sofredor, dispostas neste dia nas janelas de algumas casas.
Elas são o ponto de paragem e o momento para a população ouvir cantar "
Oh vos omnes qui transitis per viam, atandite et videte si est dolor, sicut dolor meus" (oh vós todos que passais por este caminho, atendei e vede se há dor semelhante à minha dor), a dor da Mãe que perde o seu filho na Cruz. Esta procissão está bem presente na memória das gentes da Ega como um dos momentos agregadores da vida coletiva, em que participam crianças e adultos de todos os lugares, trajados com vestes alusivas, num ritual sentido de partilha da agonia de Jesus Cristo e Nossa Senhora.