Descamisada, Ega
	Descamisada, Ega

Um dos produtos muito cultivados nas planícies da Ega era o milho. O milho, uma vez transformado em farinha, foi a base da alimentação durante séculos. Até há poucas décadas, em todas as casas da Ega se cozia broa uma ou duas vezes por semana, servindo muitas vezes de refeição principal, acompanhada de sardinha, queijo ou em sopa, com batatas, couves e feijão.
O milho serviu também como forma de pagamento e moeda de troca. Medido em alqueires, era com milho que se pagava a prestação anual devida ao padre e ao médico, as prendas de casamento, os serviços de moagem e até as contas de mercearia.

A descamisada

Nos campos de milho também era frequente trabalhar-se à jorna, quer a sachar para retirar ervas, quer na apanha. Para se recolher o milho era necessário cortar a espiga, juntando-as num monte que depois era transportado em carros de bois para uma eira, onde ficavam à espera de ser descamisadas.
As descamisadas eram um momento de trabalho que permitia o convívio e o reforço dos laços comunitários. Aconteciam no verão, quando os dias eram longos e as noites quentes, e reuniam adultos e crianças que retiravam a palha à espiga enquanto contavam histórias, cantavam e dançavam.

A farinha

Depois de descamisadas, as espigas eram malhadas, usando-se para o efeito instrumentos de madeira chamados malhos. O milho, uma vez malhado e seco, ficava pronto para seguir para os moinhos onde era transformado em farinha.
A passagem do rio dos Mouros e de vários cursos de água permitiu a existência de vários moinhos nas terras da Ega, embora atualmente se encontrem desativados. O milho era transportado em carros puxados por vacas, em sacos de dez a quinze quilos chamados taleigos. Os taleigos eram recolhidos em dias específicos, levados para os moinhos e devolvidos como farinha, ficando uma percentagem como pagamento.